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Dez 11

 

Depois de algum tempo, após nos ferirmos em 95% das arestas da vida, aprendemos algumas coisas.

 

Talvez seja a tolerância a maior das lições, pois ela nos faz relevar as fraquezas humanas e ignorar tentativas de ofensas em nossa direção. Não valem mesmo a pena. Gastar energia para administrar isso, seria contrariar o antigo dito popular que fala sobre “queimar vela com mau defunto”.

Mas as lições sempre continuarão chegando, pois os 5% restantes de arestas são os mais difíceis e mais demorados para serem vencidos, até o grande salto final em direção a outro lugar do Universo.

 

Aprendemos, durante o caminho, que o brilho do olhar de uma criança possui a riqueza maior que do mais valoroso diamante e que atingir esse estágio de visão novamente é um dos trabalhos exigidos pela vida. E não haverá mais limites para aquele que conseguir fazer com que retorne a pureza em seu coração.

 

Quando chegam as lições, nas suas mais variadas formas, ao compreendê-las, enfim, podemos de manhã olhar o sol e sentir gratidão pela vida e saber, solidamente, sentir as alegrias – mesmo raras – acima de quaisquer tristezas.

 

Curaremos todas as mazelas que jazem pulsando sob as cicatrizes.

Conseguiremos nos perdoar pelo que fizemos quando não deveríamos ter feito e, principalmente, pelo que deixamos de fazer, quando era nosso trabalho a realizar.

 

A lição da paternidade e da maternidade nos ensina duas coisas fundamentais.

Quando surge o primeiro filho, pela primeira vez compreendemos verdadeiramente nossos pais e quando surge o segundo, compreendemos Deus.

Pois descobrimos como amar cada um como se fosse único e os dois (ou mais) ao mesmo tempo. Então nos tornamos humanos de verdade.

 

Há mais perdão em nossos olhos, diante dos erros alheios que encontramos, do que naqueles que nós próprios praticamos. Conseguimos entender o amor e suas ironias, suas exigências, seus paradoxos. Respeitamos a Natureza, por decorar nosso lar chamado Terra, com muita beleza e vida ao nosso redor.

Assim, engajados na sua defesa, tornamo-nos, voluntariamente, soldados do exército de voluntários que clamam por mais respeito a ela. Somos, finalmente, recrutas da vida a caminho da colaboração incondicional de uns para com os outros.

 

Aprendemos muito com a chegada de cada lição, porém, talvez, o maior aprendizado seja o de que todas as lições recebidas devam ser compartilhadas, distribuídas, doadas. Pois só assim haverá sentido na sabedoria adquirida, pois do contrário, não será sabedoria o que existe, mas ignorância com roupa nova. Se as lições forem simplesmente guardadas, jamais exercitadas, serão apenas perda de tempo e sofrimento acumulados.

 

Se as máscaras tiverem mais força que o verdadeiro rosto significará que, queiramos ou não, jamais ultrapassamos mais que 10% das arestas à nossa espera. Significará que exercitamos nosso poder de escolha, optando pela protelação do aprendizado e que deixamos para depois a ultrapassagem dos obstáculos que nós mesmos colocamos em nosso caminho, desde o mais remoto passado.

 

A vida é mesmo assim, quando nos dá as lições, não nos tira a liberdade de gazetear. Porém, jamais deixará de cobrar por isso. O que iremos fazer caberá a cada um de nós decidir.

 

 

Autor: Joaquim Saturnino da Silva (advogado, administrador e instrutor voluntário de motivação do IBPA - INSTITUTO DE PSICOTERAPIA AUTÓGENA. Email josaturnino@aasp.org.br) (recebi por email)

publicado por momentoskatia às 10:50
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