28
Mar 19

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A cama dos pais tem um ímã e cá para mim (ninguém me convence do contrário) tem uma magia soporífera, um misterioso pó de amor impregnado nas almofadas, que faz com que os filhos adormeçam imediatamente e que o pior dos pesadelos, o mais trepidante terror noturno, fuja a sete pés.

Na cama dos pais, o último refúgio dos medos, a paz é absoluta e total.

Ali chegam, levados por pais extenuados e vencidos, ou pelo seu próprio pé, transpirados e assustados, passarinhos a voar de noite aos encontrões pelos corredores da casa, até chegarem ao lugar dos lugares. Dois colos com lençóis macios e o cheiro dos progenitores. Caem que nem tordos a dormir, apaziguados.

Os pais fingem que se importam, na manhã seguinte: «Lá foste tu para a nossa cama! Quando é que aprendes a ultrapassar os medos e a dormir sozinho? Tens de crescer!», mas nem olham muito nos olhos dos filhos quando dizem estas coisas, com medo de que eles descubram que naquele breve regresso ao ninho, ao berço inicial, os pais se enchem de amor e ternura e também eles se confortam nas suas inquietações.

Um pescoço morno. Uma mãozinha gorducha no nosso cabelo. Um pé de regresso à costela da mãe. A respiração tranquila na fronha partilhada.

O desejo secreto de que o ninho fique assim para sempre. E que a manhã demore muito a chegar.

Que o misterioso pó de amor das almofadas preserve para sempre estas excursões noturnas de mimo que não são mais do que um inteligente prenúncio, de uma saudade imensa, dos melhores dias desta vida.
 
 
 
 
 
publicado por momentoskatia às 18:10

07
Mar 19

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Ser mulher não é fácil, e ainda existe um longo caminho até podermos ter realmente igualdade de género na nossa sociedade. Isto torna-se ainda mais evidente em certas áreas, como a área das reparações ou remodelações, em que o mercado ainda é predominantemente masculino. Para celebrar o Dia Internacional da Mulher, o Habitissimo deixa-lhe aqui as 4 barreiras que as mulheres que trabalham no setor das reparações e remodelações enfrentam diariamente, para ajudar a quebrar estigmas:

O estigma do género

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Uma das principais barreiras neste tipo de trabalho é a dos géneros dos trabalhadores. Ainda existe muita segregação no mundo laboral, especialmente no que a obras e reparações diz respeito. Ainda existe uma visão muito tradicional do tipo de trabalhos que uma mulher pode ou não fazer, visão essa que cria obstáculos a quem quer trabalhar de forma diferente do “tradicional”. Assim, é mais fácil encontrar mulheres com trabalhos de limpeza do que mulheres em ambientes de construção. Talvez tenha chegado o momento de questionarmos se essa visão tradicional do trabalho é ou não uma imposição da sociedade!


A barreira dos falsos mitos

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Para algumas pessoas, a ausência de mulheres neste setor da remodelação não se deve a uma questão de discriminação laboral, antes pelo contrário. Para essas pessoas, dever-se-ia à falta de capacidade das mulheres em não aguentar o stress de uma grande empreitada ou simplesmente à sua falta de força. Mas não nos podemos esquecer que, na maioria das vezes, estes trabalhos estão mais relacionados com a destreza, o que significa que qualquer mulher os pode fazer. A verdade é que não há mulheres no setor da construção só por um motivo: ninguém as contrata.

 

O estigma da distorção do mundo laboral

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Em alguns sectores do mercado, existem muita gente a acreditar que as mulheres são um elemento de distorsão do ambiente no trabalho. Torna-se até inslutante pensar que existem ainda muitos a acreditar nesse estigma, já que o argumento de que uma mulher vai perturbar uma obra simplesmente por ser mulher é absurdo. Talvez devêssemos perceber que, nestes casos, são alguns homens que criam um mau ambiente no trabalho, por não respeitarem a mulher que com eles atue na obra.

Mas esse não é o único argumento frágil relacionado a este tipo de barreiras. Para que tenham uma ideia, alguns defendem motivos tão ridículos como o facto de não haver vestuário específico para a mulher atura em certos setores. Mais uma falácia, já que os uniformes deixaram de ser um problema há séculos, quando as mulheres passaram a usar calças e passaram a decidir o que vestir ou não!

 

A mão de obra mais cara

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Chegamos aqui a um ponto crucial, com uma barreira que é possível ver neste e noutros tipos de trabalho: considera-se que as mulheres têm uma mão de obra mais cara. Ainda se vê a mulher como mãe, uma pessoa que vai ter longos períodos longe do trabalho para fazer frente às suas responsabilidades domésticas. Pensam que, muito provavelmente, a mulher terá que tirar tempo ao longo do ano para cuidar da sua família. É verdade que as mulheres reivindicam há já algum tempo uma melhor conciliação entre trabalho e vida familiar. Mas isto não significa que um pai não possa fazer o mesmo! Também não deixa de ser curioso que as pessoas vejam as mulheres como sendo mão de obra cara, quando na verdade as brechas salariais entre os diferentes géneros são uma constante do mundo laboral.

Concluindo...

Olhando para estas barreiras, percebemos que ainda há um grande trabalho a fazer até se chegar à igualdade de género. Mas abolir este tipo de pensamento estigmatizado é muito difícil. No entanto, há boas notícias: cada vez mais mulheres lutam por poderem realizar este tipo de trabalhos considerados tradicionalmente masculinos, abrindo muitas portas na luta pela igualdade. Estas são mulheres que sentem verdadeira paixão pela construção, não apenas do ponto de vista decorativo, mas no seu total, desde o interior da obra!

Fonte: https://projetos.habitissimo.pt/remodelacoes

publicado por momentoskatia às 22:33

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Tire um tempinho e leia esse texto 😉
"Você tem que me cumprimentar com um beijo", diz a tia que vem uma vez por mês, aquela que não saúda os seus vizinhos. 
"Você já é grande, você deveria ser mais independente", diz o papai enquanto sua esposa lhe passa a roupa para ir ao trabalho. 
"Você ainda mama na teta?", pergunta o primo que não para de fumar cigarros.
"Você tem que ouvir quando te falam", diz o avô que prepara carne para o seu genro vegetariano. 
"Você tem que dormir sozinho, na sua cama", diz a mamãe que quando o papai viaja vai dormir na casa da mãe.
"Empreste o carrinho, não seja egoísta", diz o tio que não empresta o carro nem a mulher. 
"Não é não, você tem que entender", diz a sogra que ainda não entende que deve ligar antes de aparecer. 
"A palmada educa, não é violência", diz o goleiro que ainda tem pesadelos com a cinta do pai. 
"Você tem que respeitar os adultos", diz a avó que dá coca cola a criança quando a mãe não vê. 

O melhor presente que podemos dar às crianças é nos comportarmos como adultos, e deixá-los ser.

Já é bastante difícil crescer em um mundo tão incoerente quanto o nosso.

Texto do Pediatra Jorge Arroyo Artola
Texto original em espanhol, adaptado para o português pela Psicóloga Márcia Tosin
Fonte: Facebook - Thaiana Zimermam
publicado por momentoskatia às 15:31

05
Mar 19

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No final de fevereiro (2018), enquanto muitos comemoravam aquele dia extra proporcionado por anos bissextos, as famílias das jovens argentinas Marina Menegazzo, de 22 anos, e María José Coni, de 21, se questionavam aonde estavam suas meninas. As garotas haviam desaparecido na pequena cidade de Montañita, no Equador, durante uma viagem que faziam juntas. Juntas, não desacompanhadas. No dia 28, as famílias continuavam com o mesmo questionamento, mas, então, tendo a certeza de que as jovens estavam mortas. Os cadáveres foram descobertos e, logo em seguida, dois homens confessaram o crime: as turistas foram assassinadas com golpes.

A notícia deixou muitas pessoas revoltadas, assustadas, com medo. Mas, ao mesmo tempo, muitos culparam as jovens, mortas, pelo ocorrido. Afinal, onde elas foram se meter? Será que elas não procuraram por isso? A estudante paraguaia de comunicação Guadalupe Acosta, chocado com tais comentários, escreveu um texto em que se coloca no lugar das vítimas, que funciona quase como uma carta póstuma. A postagem do dia 1º de março, intitulada Ayer Me Mataron (“Ontem Me Mataram”), que você pode conferir na íntegra a seguir, viralizou nas redes sociais.
 
“Neguei-me a deixar que me tocassem e com um pau arrebentaram meu crânio. Me deram uma facada e me deixaram morrer sangrando.
Como lixo, me colocaram em um saco de plástico preto, enrolada com fita adesiva, e fui jogada em uma praia, onde horas mais tarde me encontraram.
Mas, pior do que a morte, foi a humilhação que veio depois.
A partir do momento que viram meu corpo inerte, ninguém se perguntou onde estava o filho da p#t@ que acabou com meus sonhos, minhas esperanças, minha vida.
Não, preferiram começar a me fazer perguntas inúteis. A mim, podem imaginar? Uma morta, que não pode falar, que não pode se defender.
Que roupa estava usando?
Por que estava sozinha?
Como uma mulher quer viajar sem companhia?
Você se enfiou em um bairro perigoso. Esperava o quê?
Questionaram meus pais, por me darem asas, por deixarem que eu fosse independente, como qualquer ser humano. Disseram a eles que com certeza estávamos drogadas e procuramos, que alguma coisa fizemos, que deviam ter nos vigiado.
E só morta entendi que para o mundo eu não sou igual um homem. Que morrer foi minha culpa, que sempre vai ser. Enquanto que se o título dissesse ‘foram mortos dois jovens viajantes’, as pessoas estariam oferecendo suas condolências e, com seu falso e hipócrita discurso de falsa moral, pediriam pena maior para os assassinos.
Mas, por ser mulher, é minimizado. Torna-se menos grave porque, claro, eu procurei. Fazendo o que queria, encontrei o que merecia por não ser submissa, por não querer ficar em casa, por investir meu próprio dinheiro em meus sonhos. Por isso e por muito mais, me condenaram.
E sofri, porque já não estou aqui. Mas você está. E é mulher. E tem de aguentar que continuem esfregando em você o mesmo discurso de ‘fazer-se respeitar’, de que é culpa sua que gritem que querem pegar/lamber/chupar algum de seus genitais na rua por usar um short com 40ºC de calor, de que se viaja sozinha é uma ‘louca’ e muito seguramente se aconteceu alguma coisa, se pisotearam seus direitos, você é que procurou.
Peço a você que por mim e por todas as mulheres que foram caladas, silenciadas, que tiveram sua vida e seus sonhos ferrados, levante a voz. Vamos brigar, eu ao seu lado, em espírito, e prometo que um dia seremos tantas que não haverá uma quantidade de sacos plásticos suficiente para nos calar.”
 
LEVANTEMOS A VOZ!! NÃO VAMOS NOS CALAR!!
 
Em janeiro, na Alemanhã, uma crise denominada Epidemia de Estupros chocou a população. Um comunicado divulgado pela ANUR (Agência da ONU para Refugiados) relatou que mulheres e meninas refugiadas estavam sendo estupradas por outros imigrantes em campos de refugiados como forma de chantagem, como moeda de troca para que elas fossem autorizadas a entrar em alguns países europeus. Na época, Vincent Cochetel, diretor do escritório do ACNUR para a Europa, disse que “muitas mulheres e meninas que viajam por conta própria estão totalmente expostas”. 
 
Não se viaja para escapar da vida, se viaja para que a vida não escape”, escreveu María José Coni na legenda de uma foto postada no Instagram dias antes de ser assassinada. Há uma coisa que nos liga, seja você Marina ou María, turista ou refugiada, idosa ou adolescente: somos todas mulheres. E, sim, estamos todas vulneráveis a tais atos de covardia, de violência, seja em Montañita, no Equador, na Alemanha ou na esquina de casa. 
 
Fonte: https://capricho.abril.com.br/vida-real/so-morta-entendi-que-para-o-mundo-nao-sou-igual-a-um-homem/
publicado por momentoskatia às 15:31

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