Tempos difíceis. Desencarne coletivo. A cada dia sabemos de um amigo ou parente que foi levado pela pandemia. Medo e tristeza se misturam. Hoje foi mais uma pessoa próxima. Me lembrei de um texto sobre a morte, atribuído ao rabino Henry Sobel, por ocasião da passagem de Mário Covas. Vale leitura.
Henry Sobel, rabino, por ocasião da morte de Mário Covas, contou a seguinte parábola:
Quando observamos, da praia, um veleiro a afastar-se da costa, navegando mar adentro, impelido pela brisa matinal, estamos diante de um espetáculo de beleza rara. O barco, impulsionado pela força dos ventos, vai ganhando o mar azul e nos parece cada vez menor.
Não demora muito e só podemos contemplar um pequeno ponto branco na linha remota e indecisa, onde o mar e o céu se encontram.
Quem observa o veleiro sumir na linha do horizonte, certamente exclamará: "Já se foi !".
Terá sumido? Evaporado? Não, certamente. Apenas o perdemos de vista. O barco continua do mesmo tamanho e com a mesma capacidade que tinha quando estava próximo de nós. Continua tão capaz quanto antes de levar ao porto de destino as cargas recebidas. O veleiro não evaporou, apenas não o podemos mais ver.
E talvez, no exato instante em que alguém diz: "já se foi", haverão outras vozes, mais além, a afirmar: "lá vem o veleiro!!!"
Assim é a morte.
Fonte: Facebook