© Maria Alice Estrella
A maternidade trouxe a minha vida a realização como ser humano. Tudo se justifica e tem sentido pela ventura de ter gerado três filhos, pela felicidade de tê-los sentido crescer em mim, e para além de mim, no corpo e na alma. A dimensão do significado de ser mãe extrapola os limites do compreensível. Vai além.
Portanto, quando se aproxima o dia consagrado às mães no calendário de cada ano, preparo o coração para receber a ternura dos abraços que tocam e embalam meus sentimentos. É emoção demais para esse tão pequeno coração. Pois mesmo que esses abraços sejam dados a distância, por milagre do afeto, eu os sinto tangíveis e muito próximos.
Muito quieta e bastante gratificada remexo em minhas lembranças e trago à tona momentos inesquecíveis da minha trajetória maternal.
Embora, hoje, meus meninos sejam homens adultos, lembro da primeira vez que os carreguei nos braços, do primeiro olhar que me deram, do sorriso que abriu de par em par os seus lábios, dos cabelos cacheados balançando ao vento, do balbuciar da palavra: mamãe.
Parece que foi ontem que assisti aos seus primeiros passos, que os levei à escola. E começo a sorrir, pensando nos processos de aprendizagem, nas garatujas, na alfabetização e no primeiro livro. As travessuras, as frases memoráveis, o joelho esfolado, a lágrima pendurada e o beicinho de choro.
Todas as fases de crescimento, alcançando a própria maturidade, foram experiências únicas, verdadeiras aulas de um aprendizado mútuo.
O legado é valioso e intraduzível. São histórias escritas em meu livro de vida com tinta indelével e documentadas com fotografias.
E como num ritual, revejo cada álbum como se meu espírito afivelasse bagagens e partisse numa viagem para o fundo do coração. Foi muito bom ter registrado todas as etapas e cada um dos instantes especiais ou corriqueiros pelos quais meus filhos passaram. Estou incorrendo em um equívoco, usando o verbo no pretérito porque continuo a montar álbuns com as fotos atuais.
Afinal, sou mãe todos os dias. Sou a mãe de ontem e a mãe de hoje. Sou aquela com quem os filhos podem contar para o que der e vier, enquanto eu viver e tiver energia. Sou a mãe conselheira, a mãe preocupada, a mãe de torcida, a mãe emotiva. Leoa e guerreira, sensível e frágil.
Mas acima de tudo sou mãe orgulhosa pelos filhos que pude gerar e criar. Os filhos que estão distantes, mas sempre junto. Os filhos que vejo e aquele que eu não vejo mais. Todos eles permanecem unidos a mim pelo elo forjado no aço do amor.
Bendito o instante em que cada um deles nasceu, fazendo de mim, uma mãe estreante e novata. Bendito cada momento vivido na companhia deles que me lapidou e me tornou uma mãe em essência, renovada e realizada.
O meu dia das mães é dos meus filhos, também. E principalmente.
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